quarta-feira, 13 de maio de 2015

A Paixão de A. ou o confronto entre a pureza e o pecado

Por Júlia Martins


Conheci Alessandro Baricco por meio de um livreiro que me recomendou muito a leitura de Seda, o livro mais conhecido do autor. Depois de lê-lo, fiquei com vontade de conhecer mais obras do autor, fato concretizado recentemente com a leitura de A Paixão de A, e não me decepcionei.

O livro conta a história de quatro amigos católicos em uma cidade do interior da Itália, que segundo o próprio narrador, levam vidas medíocres, comedidas, sem grandes expectativas. Ao contrário da moça que chega à cidade para mudar a vida desses rapazes: Andre, uma jovem de família rica, desregrada, vive de excessos, com histórias conturbadas envolvendo drogas e sexo.

Além de destrinchar as relações dentro das famílias católicas italianas, onde a imagem que os filhos criam de suas famílias beira a perfeição, tendo os pais como exemplos máximos, é abordado o fato de como é difícil, dentro desse núcleo, perceber que algumas coisas fogem da normalidade, tais como doenças e abusos.

O escritor italiano Alessandro Baricco (Foto: articulosiete.com)
O envolvimento dos quatro rapazes com essa moça afeta profundamente a idealização que eles têm da vida, e passam a conviver com o drama de escolher entre a fé e o pecado, a moral e a beleza, o certo e o errado segundo a visão da igreja. Isso afeta cada um deles de uma forma muito particular e, além de separar seus caminhos, causa dor e sofrimento até culminar em tragédia.

A Paixão de A. é um livro curto, mas que tem muito a dizer, é denso, pesado e que me tocou muito, mesmo não sendo religiosa. Acho que dá para imaginar muitas das angústias que os jovens da atualidade passam e como as dificuldades que passamos na vida nos aproximam ou nos afastam de algum tipo de fé.

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