quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Um livro menos conhecido de Dostoiévski: O Duplo



Por Júlia Martins 

Toda vez que leio uma obra de Fiódor Dostoiévski penso a mesma coisa do que quando viajo para um lugar muito bonito: por que não fiz isso antes?! Tenho que me esforçar para fazer mais! Apesar de seu nome intimidador, a leitura desse grande, senão o maior, escritor russo é muito clara e de fácil acesso.

O Duplo conta a história de um funcionário público que após passar por situações muito vexatórias em seu meio social e profissional, passar a conviver com seu duplo, uma pessoa igual a ele em aparência física, de mesmo nome e trabalhando no mesmo local. A princípio, se você não ler a orelha e essa resenha, esse outro parece entrar na história de forma natural e verossímil, uma grande coincidência. Apenas com o caminhar da narrativa podemos entender mais concretamente que esse personagem gêmeo nada mais é do que uma visão do herói dessa história.

O que mais me chamou a atenção é como, por se tratar de uma invenção da mente de uma pessoa perturbada, tudo faz muito sentido para essa pessoa. Ninguém que está enlouquecendo percebe isso, e é esse detalhe que torna esse livro tão incrível.
Ilustração Dostoévski (Fonte: jordanrussiacenter.org)
Outro aspecto interessante é como o duplo faz o papel de um vilão que surge para destruir a reputação, fazer zombarias e enganar o personagem principal. Parece-me uma forma de auto-sabotagem ou autodestruição a partir de seus próprios devaneios. Vários críticos e estudiosos dizem que Dostoiévski foi muito importante para o desenvolvimento de estudos psicológicos relevantes, sendo esse livro um grande exemplo disso.

Caso você não tenha lido nenhuma obra desse mestre, não perca tempo e não deixe o receio de ser uma leitura maçante te impedir de ter uma experiência maravilhosa, eu garanto. Ah, menção especial para as ilustrações lindas da edição da Editora 34 para esse livro, ficou uma joia!

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